Pra q nexo?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Como se fosse a primeira vez...


Tudo, exatamente tudo se transformou, cada tom de voz, cada toque de pele, cada sorriso, palavra, brincadeira.

É bobo. É a mais boba forma do gostar, mas é a minha. Aquela platônica no sentido irreal e mais usado, mas que gostaria de ser mais que isso.

Subjetivo. Nada de concreto, nada de clareza ou de demonstrações óbvias. Seria bom fosse ele um leitor de entrelinhas.

Quieto. A espreita dos acontecimentos que poderiam influir e já influenciam. Só esperando uma nova desilusão para se diluir.

Triste. Uma vez que consciente que suas limitações, de sua falta de chance para uma sobrevida.

Mas não é o primeiro. Eles, "os gostares", parecem ter uma fórmula geral,com constantes e incógnitas variadas, mas que sempre convergem para o mesmo resultado. Uma lembrança + vários arrependimentos.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A um ausente




Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste



Carlos Drummond de Andrade

domingo, 5 de setembro de 2010

Como somos previsíveis.

Depois de ouvir histórias malucas, mas sempre as completando - adivinhando o que havia acontecido - pude perceber o quanto as pessoas são previsíveis. Não que seres pensantes como somos, sempre tenham as mesmas ideias ou tenham ações que sigam regras.

Na verdade quando você conhece uma pessoa, e sabe de algumas ações dela frente a fatos, mesmo que corriqueiros, fica bem fácil imaginar o que ela faria em outras situações. Talvez isso se deva a uma imaginação fértil, ou a apenas a devaneios da mente, mas o fato é que nós, seres humanos, querendo ou não temos uma certa tendência a agir de forma sempre constante ou sempre inconstante. E não pense que a inconstância deixe alguém escapar dessa "previsibilidade", se espera do inconstante que ele não faça o que se espera, logo consegue-se adivinhar o que virá a seguir.

Claro que como toda regra essa não fugiria de algumas e boas exceções, há quem não seja nem um pouco previsível e há também aqueles que parecem ser os mais previsíveis, mas em algum momento nos surpreendem. Esses talvez nem mesmo se entendem, ou percebem isso em suas ações... Talvez estão ainda procurando o que serão e quando conseguirem se encontrar se tornem previsíveis, fugindo do "ser" exceção.